25ª Conferência Santander destaca potencial de produtividade e novos negócios da IA generativa no mercado financeiro
Jorge Iglesias, CEO da Topaz, uma das maiores empresas de tecnologia especializada em soluções financeiras digitais da América Latina, participou do painel “Impacto da IA no setor financeiro”, que iniciou as discussões da 25ª Conferência Santander em São Paulo, encontro que debateu os assuntos mais importantes do futuro do mercado financeiro. Junto à Iglesias, Carlos TK Netto, fundador da Matera; Joaquim Campos, vice-presidente de tecnologia da IBM; e Luis Bittencourt, CIO do Santander Brasil, discutiram, com a moderação de Henrique Navarro, Head de Bancos e Não Bancos para o Santander, sobre os avanços recentes da IA, como, por exemplo, a IA generativa acelerando a produtividade e transformando os negócios no mercado financeiro e na sociedade como um todo.
Durante o painel, Jorge Iglesias destacou a importância das práticas sobre ressignificação de profissionais, aptos para lidar com o uso de ferramentas de IA. “80% da companhia, tanto Topaz, quanto Grupo Stefanini, fizeram treinamento e capacitação para uso da tecnologia e de sua aplicação. Além disso, trabalhamos uma comunicação transparente sobre os benefícios que a IA deve trazer para o dia a dia e o trabalho diário, com participação ativa, envolvendo os colaboradores desde o início do processo de implementação, solicitando feedback e sugestões, além de incentivos à adoção e reconhecimento dos profissionais que conseguiram dar o passo à frente para que a IA pudesse ser aplicada no dia a dia e de forma eficaz. E, promover uma cultura organizacional para valorizar a inovação e o aprendizado contínuo”.
Outras questões foram discutidas entre os convidados, como a jornada transformadora que os bancos têm mergulhado, impulsionada pela inteligência artificial generativa. “Bancos e fintechs já estiveram envolvidos em engenharia e industrialização e têm capturado, há anos, muitos ganhos em IA. Os modelos generativos são um novo campo”, disse Luis Bittencourt, CIO do Santander Brasil. Já Carlos TK Netto, fundador da Matera, avaliou a produtividade que a IA generativa entrega ao setor financeiro.
Para Joaquim Campos, vice-presidente de tecnologia da IBM, a demanda por esse tipo de tecnologia aumentou de maneira significativa. “Tenho percebido nos casos de uso que grande parte deles está relacionado com a interação direta com o cliente quando falamos de IA tradicional, ou, num modelo indireto, para suportar o profissional em respostas e mais conhecimento para atender melhor”. Campos também detalhou que a IA tem sido utilizada na gestão de TI. “Pesquisa que fizemos ao longo do último ano com 9 mil gestores de mais de mil empresas com representatividade na América Latina e Brasil aponta que houve aceleração da implementação de IA em 67% das empresas nos últimos dois anos”.
As discussões também abordaram sobre como o banco do futuro está comprometido com uma agenda de transformação contínua. Na visão de Jorge Iglesias, as instituições financeiras brasileiras têm uma pauta de transformação muito forte e uma série de tecnologias emergentes possivelmente estarão presentes no banco do futuro. “A IA é uma tecnologia emergente e não há volta. Ela vai ajudar no nosso dia a dia, como planejamento financeiro e investimentos; há também a tecnologia blockchain e de contratos inteligentes, que vai se estabelecer de forma transparente e sem o uso de intermediários. A computação quântica tem potencial maior de resolver cada vez mais problemas complexos e de forma mais rápida, o que pode ter impacto nos riscos; os pagamentos biométricos, tecnologias de reconhecimento facial, áudio, voz e palma da mão para facilitar pagamentos e trazendo conveniência e segurança; o embedded finance, a integração de serviços financeiros a plataformas não financeiras, é uma tecnologia promissora para o banco do futuro: a ideia é que o nosso dia a dia seja transformado em uma transação financeira. Tudo isso graças à hiperpersonalização, ao uso de IA evolucionando o uso dessa tecnologia”.
O CEO da Topaz citou alguns exemplos das finanças embutidas, que são transações financeiras customizadas utilizando a inteligência artificial: as plataformas de e-commerce que oferecem opções de financiamento diretamente no checkout; aplicativos de transporte que oferecem seguros de viagem e opções de pagamento integradas em seus aplicativos; imobiliárias virtuais, que oferecem financiamentos para reformas; o varejo, com lojas físicas e digitais que oferecem carteiras digitais para facilitar o pagamento de forma rápida e segura; além de postos de gasolina e pedágio, que estão no dia a dia do consumidor.
“Cada vez mais, estamos vivendo na era do Everything Commerce And Banking – ou seja, reduzindo as fronteiras entre o banco e o comércio, gerando uma nova conveniência e estabelecendo um novo futuro”, avalia Iglesias. “O banco do futuro está sendo modelado por essas tecnologias emergentes e isso será estabelecido quando interagirmos melhor com esses serviços financeiros”.
Para Iglesias, é essencial investir em inovação e se adaptar aos novos comportamentos da população, promovendo uma experiência mais personalizada e segura aos clientes. Segundo Luis Bittencourt, do Santander Brasil, todas as organizações financeiras tiveram que entender com muita profundidade o que está acontecendo com a sociedade e com os clientes. “Hoje eles têm o poder de escolha em suas mãos e querem conveniência, inteligência e relevância. Nosso desafio é democratizar o uso da tecnologia, que está apenas no começo. O banco do futuro está muito associado à sociedade do futuro”. O CEO da Topaz complementou: “Se encararmos que a IA generativa está nos apoiando para produzirmos mais, e não ao contrário, essa relação fica muito mais fácil e fluida”.