A digitalização ajustou (e acelerou) os ponteiros
E de repente o despertador toca, são seis horas da manhã e logo penso que daqui há duas horas irei começar meu expediente. Vou ao banheiro, escovo os dentes, penteio o cabelo, troco de roupa e desço tomar o meu café. Leio o meu jornal favorito, assisto ao noticiário e ainda aproveito para estudar inglês que comecei há um mês. Quando olho no relógio, vejo que já são oito horas e está na hora de abrir o notebook e começar a minha jornada de trabalho. Essa é a rotina vivenciada por milhares de pessoas, em que a cada 10 brasileiros, seis estão em home office, segundo levantamento realizado pela Hibou e Indico sobre o cenário atual dada a pandemia do COVID-19.
O famoso home office se tornou uma realidade factível graças a digitalização, também conhecida como transformação digital. Mudança cultural e transformação das formas de se fazer negócio foram os dois sentidos principais que Marcelo Ciasca, CEO da Stefanini Brasil, trouxe aos termos. “O termo digitalização vem implícito em tudo. Teve uma aceleração gigantesca desses processos, que abriu portas para uma necessidade muito forte voltada à temática e sua implementação na rotina das empresas e da forma de se relacionar”.
A transformação digital não veio apenas para mudar a rotina de trabalho, ela também se encarregou de dispor aos indivíduos algo que perdemos diariamente e não recuperamos - o tempo. Horas perdidas no caminho para o escritório, na volta para casa, nas idas às reuniões em outras cidades (e até mesmo países), e assim adiante - uma rotina marcada pelas turbulências diárias e improdutivas, um verdadeiro escoamento de oportunidades que passam pelas frestas das 24 horas.
Distância, que antes era vista como um pretexto negativo, hoje não é mais uma desculpa, mas sim uma oportunidade para estimular o contato com os colaboradores. “Hoje em dia valorizamos muito a comunicação com os nossos funcionários. Temos a responsabilidade de posicioná-los sobre o momento que estamos vivendo, que é marcado por incertezas”, comenta Ciasca. Assim como para fidelizar clientes. “Fazemos eventos com clientes de maneira remota. Nós aprendemos a utilizar a criatividade para melhorar o ambiente de trabalho e as relações interpessoais”, reforça.
O novo “normal”, pelo menos para a Stefanini, é marcado por aprendizados e oportunidades. “Sou uma pessoa que sempre vê meio copo cheio, aliás, a Stefanini tem muito essa característica de olhar para frente. Eu não vejo muitas perdas nesse processo de digitalização, ela veio para agregar. As empresas que estão preparadas para isso ajudam os seus clientes na consolidação e na transformação dos negócios deles”, conta Marcelo. E ressalta que ajudar nesse processo de transformação e ascensão é de extrema importância. “A grande vantagem para nós é que começamos a fazer parte de um processo de negócio dos nossos clientes onde ajudamos a mexer no ponteiro deles”.
O ponteiro andou, e mais rápido que o normal. Colaboradores agora participam de reuniões remotas constantemente, a empresa investiu em inteligência artificial e analytics para acompanhar resultados do time e as atividades fluíram normalmente. O home office, que antes permanecia no mundo das ideias e era pouco explorado, se mostrou uma alternativa para as empresas, e reafirmou valores que dizem respeito da confiança, transparência e integridade entre os indivíduos e suas responsabilidades.
“Para nós o ensinamento é brutal e estamos aproveitando muito essa nova era. A nossa produtividade aumentou drasticamente, tanto do ponto de vista de negócios e relação com clientes, como também com os nossos colaboradores”, afirma Ciasca. E as mudanças não são temporárias. “Temos mais de 25 mil funcionários ao redor do mundo, 30% destes devem ficar em home office permanente, assim como os novos contratados. Outros 20% da empresa ficarão em modelo parcial, onde trabalham alguns dias em casa e outros no escritório, e o restante ficará nos espaços físicos da empresa, mas também com flexibilidade”, explica.
“Estamos aprendendo a trabalhar diferente”, comenta Marcelo durante a conversa. Além de estarmos aprendendo a trabalhar de uma nova maneira, estamos mudando a nossa rotina e simplificando-a. Ganhamos qualidade de vida e a chance de não desperdiçar um segundo sequer. Ressignificamos a palavra distância, reaprendemos a forma de nos relacionar e de nos encontrar.
E então olho o relógio novamente e já são sete horas da noite. Confiro minha lista de afazeres e está tudo finalizado, fecho meu notebook e subo para o quarto. Troco de roupa, estendo o meu tapete de yoga, começo a praticar minhas atividades físicas, vou para o banho e vou jantar e, então, finalmente poderei descansar. Essa é a rotina de agora, que talvez permaneça por um tempo, e depois se adeque a uma nova realidade - e que permaneça desta forma, em constante mudança e sempre avante.