*Bruno Gama, CEO da CrediHome
O mercado imobiliário bateu recordes em 2020 e 2021, com aumento nas contratações de financiamentos e crescimento nos lançamentos por parte das construtoras. O motivo principal é a queda na taxa básica de juros, a Selic, que atingiu sua mínima histórica em 2%, entre os meses de setembro e março desses anos. Ela influencia diretamente nas taxas de contratação de crédito, o que ocasionou a diminuição dos custos para financiar imóveis neste período. Dessa forma, tanto construtoras, bancos, imobiliárias e fintechs se beneficiaram, como o próprio consumidor.
As empresas e startups aproveitaram esse aquecimento do setor imobiliário expandindo seus negócios com aquisições e trabalhando fortemente suas marcas. De acordo com a plataforma Distrito, durante o ano de 2021 as chamadas "real estate", startups do setor imobiliário, receberam cerca de US$ 1,07 bilhão em 32 rodadas de investimentos. A consequência dessa situação pode ser identificada em um levantamento da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), que mostra que no mesmo ano os financiamentos imobiliários somaram R$ 205,4 bilhões, avanço de 65,7% em relação a 2020, atingindo novo recorde histórico em termos anuais.
No entanto, o cenário atual não é mais o mesmo dos últimos dois anos. Para controlar o aumento da inflação, a Selic também se elevou, o que fez os bancos encarecerem as suas taxas de financiamento. Os reflexos da piora na economia no setor podem ser vistos nos cálculos feitos por Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da FGV (Fundação Getulio Vargas); com o aumento da taxa básica de juros em 10,75%, cerca de três milhões de famílias poderão não ter acesso ao financiamento imobiliário.
Ou seja, as condições macroeconômicas do país afetam diretamente a Selic, que, por sua vez, é um fator determinante para o financiamento imobiliário. Quando essas circunstâncias melhorarem o setor deve se reaquecer. Caso contrário, outros fatores serão necessários para aumentar a liquidez de crédito disponível e, consequentemente, impulsionar o mercado. Portanto, estamos dentro de um contexto sensível, mas que pode ser passageiro, visto que os aumentos da Selic servem justamente para controlar a inflação, o que já viria a influenciar em uma melhoria no poder de compra dos brasileiros.
Logo, a expectativa das empresas é que o setor imobiliário possa manter um ritmo semelhante ao de 2021, com o fim da instabilidade econômica e reajustes na Selic dentro de parâmetros aceitáveis. Além disso, a lógica de ação das fintechs do setor também é um grande referencial para garantir crédito com taxas baixas e o financiamento do imóvel desejado pelo consumidor; essa mentalidade envolve justamente trazer um serviço diferenciado para os clientes, com mais comodidade e transparência em relação a todos os custos envolvidos em um financiamento.
Dessa maneira, mesmo com um cenário econômico nacional mais pessimista, a tendência é a da busca de soluções efetivas para os consumidores. Em 2021, esse caminho traçado pelas empresas garantiu ao mercado de financiamento sucessivos recordes nos meses de março, maio, junho e agosto, frutos colhidos até hoje. Ou seja, se as estratégias estabelecidas forem as mais eficazes, como driblar a burocracia por meio de um processo digital e garantir uma assessoria especializada na negociação, o mercado imobiliário estará em boas mãos; consequentemente, o padrão de qualidade destinado aos brasileiros que desejam comprar um imóvel não se perderá.
*Bruno Gama é CEO da Credihome, plataforma digital de crédito imobiliário que conecta o cliente interessado no financiamento imobiliário ou home equity a todos os bancos de maneira gratuita, online, prática e sem burocracia, provendo ainda uma assessoria completa desde a aprovação do crédito até a liberação do recurso.