Aumento do consumo de cigarros eletrônicos e vapes nos colégios: como a tecnologia de vídeo baseada em dados pode auxiliar a minimizar essa crescente epidemia?
Autor - Andrei Junqueira, Channel Business Manager da Milestone para o Brasil
A crescente popularidade dos vapes entre estudantes do ensino médio no Brasil é uma preocupação urgente da saúde pública. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE - 2019) aproximadamente 17% dos adolescentes entre 13 e 17 anos já haviam utilizado esses produtos. Especialistas indicam que entre 2018 e 2022 a quantidade de consumidores quadruplicou no país, atingindo mais de 2 milhões de pessoas.
Descritos como “Dispositivos Eletrônicos para Fumar” (DEF’s), os vapes, pods e similares, estão proibidos no país desde 2009 por uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas apesar da restrição, é fácil encontrar estes produtos no ambiente digital, bem em diferentes tipos de comércios.
Neste cenário crítico, com significativos impactos no ambiente educacional, soluções tecnológicas baseadas em plataformas de gerenciamento de vídeo podem ajudar a amenizar esse problema crescente.
Potencializando a integração de dispositivos inteligentes
Em resposta a este problema crescente nos estabelecimentos de ensino, os sistemas de gerenciamento de vídeo (VMS, por sua sigla em inglês), com arquitetura em plataforma aberta, já integram modelos de câmeras de alta resolução dotadas de analíticos de vídeo e se apresentam como uma solução muito versátil e evolutiva, proporcionando também a integração de sensores inteligentes para áreas onde a instalação de câmeras não seja autorizada, como em corredores, vestiários e sanitários.
Os avançados VMS agregam uma comunidade cada vez maior de fabricantes e de aplicativos que atuam em conjunto para solucionar problemas do mundo real. A variedade de opções de câmeras, sensores e demais dispositivos é cada vez maior, impulsionada pelo advento da Internet das Coisas (IoT, por sua sigla em inglês).
A pesquisa Covitel 2023 do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, por exemplo, indicou que 30% dos jovens usuários de DEF’s adquiriram os produtos pela Internet e justificaram seu interesse por curiosidade e por estes dispositivos estarem na moda. Neles, além da nicotina, outras substâncias tóxicas como o THC, componente ativo da cannabis, podem ser consumidas e têm seus odores disfarçados por aditivos que produzem aromas e sabores.
Tudo isso aumenta os impactos do consumo de DEF’s e dificulta sua identificação e controle nos estabelecimentos de ensino, onde os estudantes utilizam astúcias para consumir esses produtos de forma velada, por vezes nos vestiários e nos sanitários. Esta tendência preocupante afeta não apenas a saúde dos estudantes, mas também o desempenho acadêmico e o bem-estar social, além das finanças, com gastos em fiscalização, educação, testes antidrogas e prevenção.
Os atuais sensores inteligentes de qualidade do ar em rede, por exemplo, podem detectar e distinguir o consumo de cigarros, nicotina e óleo de THC emitidos por dispositivos de vaporização, bem como outros aspectos da qualidade do ar, incluindo patógenos transportados pelo ar, compostos orgânicos voláteis, monóxido e dióxido de carbono, e a emissão de gases de materiais como fluidos de limpeza, tintas e vernizes. Alguns modelos utilizam algoritmos dinâmicos para aprender sobre o ambiente e detectar as ocorrências de vaporização ou de tentativas de dissimulação do odor.
À medida que o consumo dos DEF’s aumenta nos ambientes de ensino, torna-se essencial a adoção de tecnologias adequadas. Assim, a integração dos sensores inteligentes às plataformas de VMS, seja em modo local ou em nuvem, pode auxiliar a detectar riscos de segurança e anormalidades, em áreas sem cobertura de câmeras. Os administradores podem personalizar a configuração do VMS para transmitir notificações em tempo real aos operadores, ativando a visualização de para otimizar o reconhecimento situacional e agilizar o tratamento de eventos em casos de emergência.
Uma solução tecnológica baseada em dados
De modo geral a segurança tem representado cada vez mais um desafio importante nos ambientes de ensino, fazendo com que os administradores busquem por soluções inovadoras para auxiliar a proteger proativamente seus alunos e funcionários.
Em resposta à essas graves os VMS possibilitam integrar tecnologias complementares e muito úteis, incluindo controle de acesso, sistemas de bloqueio e catracas, botões de pânico, sistemas de alarmes contra incêndio e intrusão, sensores de áudio, sistemas de localização em tempo real, sistemas de notificação em massa, entre outras soluções. À medida que a tecnologia avançou, sua utilização tornou-se facilmente gerenciável para usuários não técnicos e não relacionados à segurança.
Os VMS podem captar, processar e armazenar enormes quantidades de informações de várias fontes de imagem, sensores e atuadores, em tempo real, e por meio de suas interfaces gráficas e situacionais, habilitar alertas e a verificação visual dos eventos, em painéis de controle, mapas ou gráficos. Adicionalmente, graças aos avanços nas tecnologias das redes de transmissão sem fio, de banda larga, as soluções com armazenamento híbrido (local e nuvem) estão se tornando também cada vez mais flexíveis e acessíveis.
Embora a maioria das escolas e universidades já disponham de alguma forma de vigilância por vídeo, os sistemas são frequentemente subutilizados, com apenas a gravação contínua, a fim de possibilitar se necessário a revisão de ocorrências como brigas entre alunos ou na tentativa de identificação da causa do desaparecimento de um ativo ou laptop.
Os dados de vídeo forense são muito úteis e a busca inteligente nas gravações, em um VMS de alto desempenho, possibilita otimizar o trabalho dos administradores e equipes de segurança. A pesquisa forense associada a atributos como a cor de um vestuário do aluno, ou ainda de um veículo no estacionamento, por meio de análise inteligente de vídeo, por exemplo, possibilita pesquisar e identificar as sequências de vídeo que correspondem a essas características, revisando horas de gravação com múltiplas câmeras em poucos minutos.
Assim, nos ambientes de ensino, para potencializar todos os benefícios destas tecnologias, os administradores devem garantir uma implementação cuidadosa, respeitando a privacidade dos alunos. É igualmente importante proporcionar a formação e capacitação das equipes e operadores que irão utilizá-las para responder eficazmente aos alertas gerados pelos eventos.
Finalmente, vale ressaltar que o sucesso no controle da proibição e na redução do consumo dos DEF’s será obtido por meio de uma estratégia abrangente que considere a tecnologia como parte da solução, obrigatoriamente associada a programas complementares de educação e prevenção, aplicação de políticas e diálogos regulares e abertos com os alunos, sobre os diferentes riscos incorridos por eles nos espaços do estabelecimento de ensino. Ao adotar uma abordagem holística as organizações podem obter resultados significativos no enfrentamento dessas preocupações, sejam elas de segurança ou de saúde pública, promovendo assim um ambiente de aprendizagem mais evoluído, saudável e seguro.