Consultora, que também é líder da Exchange 4 Change Brasil, falou em live do Grupo EngePol sobre como circularizar a indústria do plástico

A crescente necessidade de reinvenção da cadeias produtivas do plástico foi defendida por Beatriz Luz, fundadora da Exchange 4 Change Brasil (E4CB), em sua conversa com Jorge Soto, diretor de sustentabilidade da Braskem, durante a live “Tendências em Circularidade e Engenharia de Polímeros" promovida, nesta segunda-feira (26), pelo Grupo EngePol, da UFRJ.

Beatriz Luz apontou as possibilidades de circularização da cadeia produtiva do plástico. Segundo ela, reciclagem, seja mecânica ou química, é apenas um dos passos necessários:

- O problema não é o plástico como material, e sim como resíduo. Não adianta banir o plástico, tem que mudar a forma de usar, isso se faz com design, experiência de usuário e tecnologia. Não estamos produzindo plástico pensando em um ciclo completo, estamos produzindo para meio ciclo, pensando apenas na fase de uso. Depois do uso, o que fazer?  Hoje, cerca de 30% das embalagens no mercado não podem ser recicladas, então elas devem ser remodeladas.

A consultora diz, ainda, que a indústria tem o papel de ser pioneira e educar. Usando como exemplo as embalagens biodegradáveis, ela ilustra como as soluções focadas em uma parte da cadeia e sem considerar o ciclo completo do material podem, no fim das contas, não resolver o problema:

- Por que o consumidor pede embalagem biodegradável? Porque ele não entende o processo todo, e é dever da indústria educar. Se eu não tenho como destinar aquela embalagem biodegradável para a compostagem, sua proposta de valor não foi alcançada, pois onde de fato ela vai se degradar? É melhor que ela seja de plástico 100% reciclável e volte ao início da cadeia por meio da coleta seletiva. Por isso devemos olhar para a cadeia como um todo, senão ficamos com o cobertor curto: resolvo de um lado para prejudicar no outro.

Beatriz Luz também ressalta o dever da sociedade na relação com a indústria e com o poder público em acompanhar e cobrar processos, defendendo também a inclusão de matérias e assuntos referentes à economia circular no currículo das escolas:

- Educação é a base de tudo. Economia circular é um novo mindset de negócios, de como colaborar e trabalhar junto, de como co-criar soluções e como aplicar a interdisciplinaridade. Então tem que estar sim nos currículos mínimos para crianças e jovens para que aprendam a pensar de forma circular desde cedo.