Uso de bioinsumos na agricultura é um dos sucessos da parceria entre a academia e a produção
Biotecnologia ajuda a produzir alimentos mais saudáveis, com menos defensivos químicos, e ainda contribui para redução de custos.
A tecnologia no agronegócio não se resume a equipamentos, digitalização e automação dos processos no campo. O estudo e o uso dos bioinsumos, que são fertilizantes ou defensivos biológicos feitos de microrganismos, materiais vegetais, orgânicos e naturais, têm crescido e representam grandes avanços tecnológicos. Além da diminuição de risco à saúde humana e animal, eles ainda contribuem para redução nos custos.
Os defensivos químicos estão com preço cada vez mais alto, acompanhando a valorização do dólar já que, em sua maioria, são importados. Algumas dessas substâncias chegam a ser proibidas em vários países por representarem risco para a saúde dos trabalhadores, consumidores e dos animais, além de contaminarem veios d’água.
O coordenador do Centro de Estudos em Mercado e Tecnologias no Agronegócio da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Paulo Henrique Montagnana Vicente Leme, ressalta que “o uso dos bioinsumos abre possibilidades para uma agricultura mais amiga, sem agredir o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores. Não substituem os químicos, mas podem trabalhar em nichos de mercados, como o orgânico ou em países onde os químicos são proibidos”.
Este é um dos assuntos do AGROFUTURE SUMMIT, evento que será realizado entre os dias 6 e 8 de outubro, totalmente virtual e gratuito. O encontro vai reunir especialistas de várias áreas e mostrar, além de cenários do futuro do agronegócio, como as tecnologias estão e podem ajudar micro, pequenos, médios e grandes produtores agrícolas.
De acordo com Paulo Henrique, o mercado de bioinsumos teve um crescimento de 28% ao ano e a expectativa é que, nos próximos anos, o Brasil se torne referência e o principal produtor do mundo. E o investimento na produção desses defensivos e fertilizantes biológicos pode ser feito através de cooperativas, nas quais micro e pequenos agricultores podem se fortalecer e ter baixo custo na implantação da infraestrutura para que eles mesmo produzam esses bioinsumos.
E aí entra o papel da academia e de eventos como o AGROFUTURE SUMMIT. “A ideia é levar experiência de produtos de sucesso e ter um showroom de novas tecnologias”, diz o coordenador.
A gerente de Inovação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Shalon Silva, explica que encontros como esse vão além de um certificado. “Não faz sentido para as pessoas. O que faz sentido é a conexão. Esse é o lugar de potência de um evento como esse”, ressalta.
Inovação
Um suporte muito importante na produção de conhecimento para a agricultura é a Embrapa. Shalon Silva explica que o papel da instituição nesse cenário é “aproximar a inovação do setor produtivo. A Embrapa tem a capacidade de unir a pesquisa com potenciais parceiros, com investidores, instruir sobre modelo de negócios - em parceria com o Sebrae - para gerar cada vez mais negócios e investimentos para o ecossistema do agronegócio”.
Shalon fala da importância da inovação aberta, que contribui também para o desenvolvimento das startups voltadas para o agronegócio, as agtechs. “O desafio da Embrapa enquanto empresa pública é tornar essas pesquisas acessíveis a todos. E apoiar o empreendedorismo é uma das formas”, explica a gerente. A Embrapa tem mais de 100 agtechs como parceiras.
Paulo Henrique também acredita que uma força importante para o crescimento do agronegócio é a disseminação do conhecimento. “A gente acredita que levar a tecnologia para pequenos e médios aumenta a qualidade dos projetos para atender o mercado interno. E o mercado interno é abastecido pela agricultura familiar. A segurança alimentar da população está na agricultura familiar”, afirma.
Mercado de agtechs no Brasil
O Radar Agtech 2020/2021, pesquisa feita pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), identificou 1.574 agtechs, sendo 62,5% no Sudeste e 25,2% no Sul do país. Somente o estado de São Paulo representa 48,1% do total nacional. O Paraná vem em segundo, com 9,6% das empresas e Minas Gerais em terceiro, com 8,8% das agtechs.
Ainda de acordo com o levantamento, o investimento em novos empreendimentos tecnológicos no Brasil cresceu 17% em 2020, em relação a 2019, e chegou ao montante de US$ 3,5 bilhões. Desse valor, as agtechs receberam US$ 70 milhões, o que representa cerca de 2%. O cenário é de otimismo com as startups voltadas para o agronegócios.
As empresas são classificadas em três segmentos: Antes, Dentro e Depois das Porteiras. O Antes considera insumos, defensivos e conhecimento como nutrição vegetal; o Dentro considera gestão de resíduos agrícolas, economia compartilhada, conectividade e telecomunicação; e o Depois, armazenamento, logística, alimentação, venda, marketplace, restaurantes, por exemplo.
AGROFUTURE SUMMIT
Em sua primeira edição, o Agro Future Summit é um dos maiores eventos do país voltado para inovação e tecnologia para o agronegócio. Realizado pelo Sistema FAEMG/SENAR/INAES, o evento terá encontros simultâneos, webinars, cursos, conteúdo ao vivo, encontros e seminários. Todo o conteúdo poderá ser acessado por meio da plataforma, pelo computador, celular ou tablet. As inscrições, que são gratuitas, podem ser feitas neste link:
https://www.sympla.com.br/agro-future-summit-2021-pre-inscricao__1322832
CO-REALIZAÇÃO: O AGROFUTURE SUMMIT conta com a co-realização da FIEMG, SEBRAE Minas e Governo do Estado de Minas Gerais.