Com 1,3 milhão de toneladas de plástico lançadas no oceano anualmente, surge solução verde em biotecnologia

Parte vegetativa dos fungos chega para substituir materiais como isopor e poliuretano atendendo demandas de embalagens e construção civil

Oitavo país no mundo que mais polui com plástico. Esse é o ranking que o Brasil ocupa segundo o relatório da ONG Oceana. Por ano, são 1,3 milhão de toneladas de plástico lançadas no oceano pelo país. O cenário faz com que 200 espécies marinhas façam ingestão desse tipo de material. E é aqui que entra o micélio, parte vegetativa de um fungo composta por um conjunto de hifas (filamentos finos), como um novo recurso para substituir materiais como isopor e poliuretano de forma sustentável e ecológica. 

“Os números não mentem a necessidade urgente de não só substituir os polímeros sintéticos, mas também transformar a forma como construímos e embalamos. É possível ser sustentável sem perder a eficiência, uma das maiores preocupações do mercado. O micélio é hoje uma alternativa 100% biodegradável alimentando os ecossistemas, o que elimina acúmulo de resíduos e sobrecarga na natureza”, aponta Ubiratan Sá, CEO da Mush, startup que fornece materiais que podem substituir polímeros sintéticos em aplicações como embalagem secundária.

O isopor e poliuretano são amplamente utilizados na construção civil e na indústria de embalagens por suas propriedades de leveza, isolamento térmico e baixo custo. No entanto, esses polímeros sintéticos são derivados do petróleo, um recurso não renovável, e sua baixa biodegradabilidade faz com que eles se acumulem no meio ambiente por séculos, contribuindo significativamente para a crise global de resíduos plásticos. O micélio, por outro lado, oferece soluções semelhantes em termos de funcionalidade, como leveza, isolamento e resistência, mas com a vantagem de ser um recurso natural e completamente biodegradável, o que reduz significativamente o impacto ambiental. 

Além disso, o material é produzido a partir de recursos renováveis, transformando subprodutos da agricultura em matéria-prima, e seu processo de fabricação é negativo na emissão de CO2 e consome menos energia e água em comparação com a produção de polímeros sintéticos tradicionais. Essas inovações atendem tanto à demanda crescente dos consumidores por produtos mais ecológicos quanto à necessidade das indústrias de atender a metas globais de redução de emissões de carbono e gestão de resíduos.

“O micélio não só oferece uma solução sustentável, mas também apresenta características técnicas impressionantes, como resistência e leveza, que tornam possível substituir materiais tradicionais sem comprometer a qualidade. E essa capacidade de reproduzir as qualidades técnicas dos plásticos sintéticos, ao mesmo tempo que elimina o impacto ambiental a longo prazo, torna o micélio uma alternativa promissora em um cenário onde a sustentabilidade é cada vez mais essencial”, destaca o CEO.