Como as eleições vão impactar cada setor independentemente de qual presidente se eleger?
Considerada uma das disputas eleitorais mais polarizadas de todos os anos, pela sétima vez na história, as eleições presidenciais do Brasil serão definidas no segundo turno. Durante o primeiro turno, disputado no dia 02 de outubro, o candidato Luís Inácio Lula da Silva conquistou o primeiro lugar, somando 48,4% dos votos, contra 43,2% de Jair Messias Bolsonaro. Nessa corrida à cadeira presidencial, ambos têm enfrentado uma série de tabus discutidos incansavelmente em entrevistas, debates e redes sociais.
No dia 30 de outubro, saberemos quem irá governar nosso país pelos próximos quatro anos. Diante de tantas incertezas e de planos de governos tão distintos, alguns especialistas deram suas opiniões sobre como essas eleições vão impactar cada setor da economia independentemente do presidente eleito.
De fato, os anos eleitorais tendem a causar mais volatilidade no mercado financeiro, ao passo que a incerteza do período impacta negativamente o desempenho da bolsa de valores. No varejo, fatores como custo do frete, aumento dos juros e endividamento familiar poderá impactar diretamente o comércio eletrônico, afinal, há uma baixa e restrita confiança por parte do consumidor, principalmente com relação ao atual momento econômico. “Desafios e oportunidades não faltarão para o e-commerce neste período, por isso a digitalização do varejo, aliada à disputa pela entrega mais rápida e mais barata, farão toda a diferença nos próximos meses”, afirma Jefferson Araújo, CEO da Showkase.
Diante da incerteza que acompanha um ano eleitoral, investimentos são adiados, empresários ficam cautelosos e consumidores adiam as compras. Assim, a economia é impactada pela mesma sensação de dúvida. Amure Pinho, fundador do Investidores.vc, explica que a recomendação é permanecer a mesma estratégia de anos em que não há corrida eleitoral. “Ciclos eleitorais duram quatro anos. Como investidor, considero este um período muito curto para decidir ou definir os rumos de qualquer investimento. O olhar do investidor deve ser longevo, sempre focado em como este negócio se comporta de acordo com diferentes perfis políticos além desses quatros anos", analisa o investidor.
Na saúde, para André Brandão, CEO da Medictalks, o impacto gerado independe do candidato eleito, mas sim do plano de investimentos que será alocado no setor durante os próximos anos. “Temos um sistema de saúde pública (SUS) bem estabelecido, mas que depende muito dos recursos investidos no governo para se manter funcionando. Um exemplo, é a tabela de remuneração dos hospitais que atendem pelo sistema, que se encontra defasada, impossibilitando que instituições continuem atendendo. Além disso, o setor também depende do legislativo para conseguir avançar na digitalização e desburocratização, o que diversas vezes impede o avanço do segmento com novas soluções”, diz.
Quando o assunto é o setor industrial, a tendência é que este permaneça forte, segundo Bruno Zabeu, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Universal Robots na América do Sul. “O Brasil possui, no momento, indicadores macroeconômicos favoráveis para o desenvolvimento da indústria e esses índices devem se manter, fazendo com que o setor siga se expandindo. É importante destacar que com o mercado mais aquecido, investimentos assertivos em automação poderão trazer maior eficiência operacional e lucratividade”, explica.
De acordo com Vinicius Callegari, Co-fundador da GaussFleet, maior plataforma de gestão de máquinas móveis para siderúrgicas e construtoras, há uma forte tendência de aplicação de inovações e tecnologias que ajudam a alavancar o setor. "Independente de quem efetivamente se torne o novo presidente, há uma conjuntura positiva para o setor industrial demandada justamente por gargalos do próprio mercado e necessidade de aumento de produtividade por meio da automação de processos, com a união de mão de obra qualificada e plataformas que geram ricos insights no dia a dia”, afirma.
O setor imobiliário também deve continuar em crescimento, de acordo com Eduardo Menegatti, CEO da Vivalisto. “Apesar dos juros altos e da inflação instável, principalmente os imóveis de alto padrão devem seguir ganhando força no mercado e não podemos deixar de lado o fato que a cada dia estão surgindo novas tecnologias para o segmento, fazendo com que este avance independentemente das eleições e de quem vencer no segundo turno”, informa.
Por sua vez, o setor de turismo também tende a permanecer em constante movimentação, já que muitos brasileiros que nunca consideraram usufruir do direito à cidadania europeia passaram a pensar no assunto, arrumar as malas e partir - principalmente graças à flexibilização dos formatos de trabalho. “As pessoas passaram a encarar a dupla cidadania como uma necessidade, um plano B, caso enxerguem a necessidade de sair do Brasil”, comenta Rafael Gianesini, CEO e Co-fundador da Cidadania4U.