Carlos Santana*

John Kennedy foi assassinado em 22 de novembro de 1963, aos 46 anos. Foram apenas três anos na presidência dos Estados Unidos. Mesmo assim, JFK deixou um enorme legado. Considerado por muitos como um grande visionário, ele disse, durante um de seus discursos, algo que faz muito sentido em meio a essa pandemia: “Quando escrita em chinês, a palavra crise compõe-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade”.

E é exatamente isso que temos visto desde que a ameaça do coronavírus tornou-se um inimigo real. Ao primeiro sinal de que a COVID-19 poderia se alastrar, algumas empresas começaram a desenhar e/ou colocar em prática o seu Plano de Contingência. Outras não fizeram nada. E ainda vemos aquelas que não têm a mínima ideia do que irão fazer.

Adivinha quais irão sobreviver? Com certeza, as que entenderam que uma crise começa a ser administrada antes de ela acontecer e não depois. Por mais que não saibamos os efeitos reais da pandemia, assumir o leme vai ser bem melhor que deixar o barco à deriva...

Como? Olhando mais para as oportunidades do que para os problemas. Pode parecer fácil para quem é da área de tecnologia, que inova a todo momento. Mas, muitas soluções surgiram em meio às crises. A penicilina, descoberta por Alexander Fleming em 1928, foi um desses exemplos. Os transistores, em 1940, outro. Isso sem contar a roda, o dinheiro e a lei.

Não existe uma fórmula pronta para muitas de nossas mazelas. Mas, que tal sair da inércia e aproveitar o momento para criar? Primeiro, é necessário olhar para o seu negócio e identificar os problemas, ou chamados “gaps”. Depois, analisar o mercado e a mapear a concorrência. E, por fim, implementar as ações necessárias para superar o problema.

Se der errado no primeiro momento, mude. Mas mude rápido. Quanto antes, melhor. É um processo contínuo de adaptação. Está sendo assim para nossa empresa, que foi um caso para o mercado de tecnologia, pois conseguiu manter uma operação com 100% das atividades em formato home office . Isso foi possível com um tempo engajado e gestor motivado. Resultado? Otimiza processos, economiza suplementos, contribui para a sustentabilidade, e ainda apoia o isolamento social - tão importante neste momento - que inicia no dia 16 de março, antes mesmo dos decretos oficiais.

Isso aconteceu de maneira automática, simples e fácil? Não! Precisamos adaptar, criar ferramentas, buscar parceiros e, principalmente, estar aberto a sugestões. O processo de inovação é colaborativo e não é impositivo. Por isso, quem sabe, tantas empresas sofreram nessa crise. Uma "cabeça do dono" não pode ser o único norteador de negócios nesse momento, concedido pelo passador.

Ouvir mais, principalmente os especialistas, vai ajudar a entender o problema e buscar uma solução adequada. Isso serve, inclusive, para o Brasil. Tanto no ponto de vista da economia quanto na saúde. Precisamos aprender com os países que já passaram pelo pico do COVID-19. Aprender com argumentos e, principalmente, com erros, como os da Itália.

Os impactos serão profundos, sabemos. Mas, com base nessa visão que expõe aqui, será possível substituir como agruras. Separados fisicamente, unidos mentalmente.

* Carlos Santana é sócio-fundador do Tecnobank.