Gatilhos mentais automáticos são difíceis de combater no ambiente corporativo
Aumentar a diversidade dentro das empresas é uma urgência da maioria dos gestores. Porém, apesar das boas intenções, a evolução do tema muitas vezes acaba esbarrando nos vieses inconscientes dos colaboradores. Crenças, preconceitos ou estereótipos são conceitos que formam os vieses inconscientes e que levam um indivíduo a fazer pré-julgamentos automaticamente. A questão é que, mesmo inconscientemente, eles podem impactar de forma negativa diversas decisões e atitudes geradas nas empresas. Segundo o mapeamento de Buster Benson, existem mais de 100 vieses cognitivos e todos eles impedem que as organizações sejam realmente diversas, respeitem a pluralidade e a inclusão social.
Um levantamento feito pela Kantar com trabalhadores de 24 setores diferentes em 14 países - incluindo o Brasil – apontou que 80% das pessoas já viram discriminação no trabalho. O estudo também apresenta os dados divididos por gênero, orientação sexual e etnia. Entre as mulheres, 27% apontam que foram induzidas a sentir que não pertenciam ao seu local de trabalho. Dos trabalhadores LGBTQ+, 24% afirmam ter sofrido bullying no trabalho em 2020. Além disso, 36% acreditam ter enfrentado obstáculos em termos de ascensão profissional devido à sua orientação sexual. Já na divisão por etnia, os dados mostram que dos 11% que se identificam como minoria, 13% se sentem excluídos e 28% ansiosos com frequência.
Para Carol Santana, especialista de diversidade e inclusão da LEO Learning Brasil e palestrante sobre este tema, é necessário avaliar quais são os vieses inconscientes mais frequentes no dia a dia, quais consequências eles causam nas organizações e como identificá-los, a fim de superá-los. “Eles podem influenciar diretamente não só na estrutura laboral, mas também na autoestima de um funcionário, impedindo-o de trazer mudanças positivas no ambiente de trabalho”, comenta.
Tipo de vieses inconscientes
Muito comum na sociedade e dentro das organizações, o viés de afinidade é quando o indivíduo acaba favorecendo a pessoa com a qual tem mais afinidade no que se diz respeito a questões ideológicas, atitudes, aparência, religião etc. “A mente mapeia e aprova o igual como algo seguro, sem que provoque questionamentos muito profundos. O reverso acontece quando nos deparamos com o diferente. Dentro de uma empresa, o viés de afinidade pode afetar diretamente o processo seletivo para novos funcionários e promoções de cargo”, explica Carol.
Com base na assimilação descriteriosa, que reforça estereótipos sem base concreta em fatos, aquilo é que visto como dedução a partir do achismo é chamado viés de percepção. A especialista ressalta que essa predisposição muitas vezes vem de alguma influência. “Um exemplo disso é o machismo reproduzido através de falas como ‘lugar de mulher é na cozinha’ ou ‘mulher no volante perigo constante’”, explica.
Há também o viés de confirmação, que ocorre quando um indivíduo olha para uma determinada situação e impõe uma verdade absoluta a partir das suas próprias ideias ou crenças, desconsiderando qualquer outra visão contrária. Muitas vezes essas pessoas selecionam partes da informação que confirmam seus conceitos prévios.
Segundo Carol, quando ocorre a avaliação precipitada de um indivíduo a partir de uma única característica, isso é chamado de efeito auréola ou halo. “Quantas vezes já atribuímos características positivas a um ator ou atriz apenas por sua beleza? É exatamente o que define esse viés”, aponta.
Por fim, há o efeito grupo, cujas características são as de seguir e adotar a mesma conduta padrão de um grupo para se sentir pertencente a ele. Um exemplo disso é quando grande parte dos colegas de trabalho de um indivíduo começam a usar uma determinada rede social e ele passa a usar também como forma de se sentir integrado a esse grupo.
Como minimizar os vieses inconscientes?
Carol explica que antes de iniciar qualquer ação nas empresas, é preciso assumir que todos os indivíduos carregam algum tipo de preconceito. “É algo primordial que deve vir antes da longa caminhada que teremos. Depois disso, é necessário criar um programa que reflita sobre os motivos que levam as pessoas a agirem dessa forma. Eles se encaixam com os valores pessoais e organizacionais que você gostaria de ter e transmitir para outras pessoas?”, sugere.Outra atividade interessante é aplicar um teste de associação implícita. Por meio de algumas dinâmicas é possível mapear quais são os vieses e com feedbacks e ações ajudar o colaborador a ajustá-los. “É muito importante compreender quais são os vieses da empresa, assim eles podem ser destacados dentro dos valores da organização”, finaliza a especialista.
Sobre a LEO Learning
Revolucionar a aprendizagem através de novas linguagens, como webséries, realidade virtual e games pensados para desenvolver habilidades específicas, são ingredientes com os quais a LEO Learning Brasil vem aperfeiçoando, de modo customizado, os times de diversas organizações no país. Uma empresa nacional em sociedade com a LEO Learning britânica, pioneira em educação a distância no cenário mundial, a edtech é uma novidade promissora no mercado de educação corporativa e deve crescer bastante nos próximos anos.