Histórias que precisam ser valorizadas

O Brasil é um país de heróis não há dúvidas, e é o brasileiro comum, aquele que acorda cedo, de sol a sol, tem que trabalhar duro para sustentar a sua família, conta o dinheiro no final do mês para pagar as suas contas, um verdadeiro super-herói, digno de estar em pedestais e  de se prestarem homenagens, pois faz milagres, não importa a profissão que siga. Mas quero falar de um em especial, aquele que se torna empreendedor por necessidade, aquele o qual o mercado de trabalho fechou as portas, que inexiste a possibilidade de trabalhar com a tão sonhada carteira de trabalho assinada, para  o qual a aposentadoria se torna um sonho muito distante, que vive dos pequenos comércios que vemos nas calçadas de nossas cidades.

Num desses dias, ao sair de uma Delegacia no centro da cidade, num calor incomum na nossa querida Curitiba, resolvi comprar uma água mineral de um senhor que estava vendendo com um carrinho de pipoca. Paguei e começamos a conversar. Ele me contou que foi metalúrgico durante praticamente a sua vida toda, em uma fábrica de peças para tratores, em nossa capital tem várias, as quais muitas fecharam suas portas. Ele trabalhou durante 25 anos como operador de máquinas, ficou sem emprego, não conseguiu se aposentar, e com quatro filhos, não viu outro caminho senão empreender. Dito e feito.  Tentou comprar e vender carros e acabou perdendo dinheiro. Abriu um pequeno restaurante de comida por quilo e perdeu dinheiro com rescisão de empregados, ali conheceu o funcionamento da justiça do trabalho e do sindicato que tanto defendeu durante seus anos de metalúrgico e, depois, da luta pela sobrevivência comprou o carrinho de pipoca, fez um cursinho gratuito no Sebrae, aprendeu os cálculos básicos, começou a vender seu produto, inclusive me explicou como fazia para nunca deixar a pipoca esfriar, uma espécie de carga máquina de sua panela de pipoca.  Hoje, através de sua MEI, Microempresa Individual, já recolhe a sua aposentadoria, e espera fazer uma viagem no próximo ano com sua “velhinha” como ele diz. Seus filhos estão se formando, inclusive, um deles em advocacia, fala com orgulho que será doutor,  tudo do seu carrinho de pipoca, que faça chuva ou faça sol, está em pontos estratégicos de nossa cidade pilotado pelo querido senhor Antônio,  vendendo a deliciosa e perfumada pipoca doce ou salgada.

O que quero dizer é que nosso país está mudando drasticamente, ninguém mais tem uma profissão que possa dizer segura, nem nós, os “doutores”, por isso que já peço que não me chamem assim, realmente não gosto, pois nem doutor sou. De todo o modo, temos sempre que estar prontos para a mudança e nos prepararmos para nos adaptarmos a qualquer momento.

E com essa pandemia do coronavirus, aprendemos novas formas de trabalho, e que muita coisa pode ser resolvida de casa, sem nos deslocarmos, não sendo necessário realizar reuniões e que elas podem ser rápidas e eficientes, e que é muito bom ficar mais tempo com a família, mesmo que trabalhando.

Assim, neste caldeirão de novidades, com coronavírus, desemprego em alta, homeoffice, vamos aprender com os empreendedores que construíram e fizeram a diferença tempos atrás e botar a cabeça para funcionar, pois crise sempre foi oportunidade.

Marcelo Campelo 

Dr Marcelo Campelo

Especialista Criminal

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