Especialistas projetam a quinta revolução industrial no Futurecom 2022
A 22ª edição do Futurecom encerrou-se ontem (20/10) com a certeza de que a transformação é definitiva. Como afirmou Paulo Rufino, pesquisador e keynote speaker do evento, 2030 é o ano previsto para o mundo presenciar a consolidação da quinta revolução industrial, que será estimulada por todas as possibilidades das aplicações a serem desenvolvidas em torno das redes móveis 5G e 6G. Essas discussões vão se aprofundar na próxima edição do Futurecom, entre 3 e 5 de outubro de 2023.
Rufino é PhD Researcher em 6G na universidade de Aarhus, na Dinamarca. Em sua visão, a rede 6G apresentará atributos como hiperconectividade (IoB), sendo inteligente, onipresente e focada em energia verde e eficiência. “Será humanizada, ultra rápida, descentralizada e segura, inteligente e cognitiva, com novas tecnologias, heterogênea e de orquestração múltipla.” “O 6G parte de um princípio diferente das tecnologias anteriores, buscando considerar aspectos humanos prioritariamente. Essa tecnologia se inicia com base em proporcionar ajuda e auxílio para acelerar os desenvolvimentos sustentáveis designados pela ONU”, observa Rufino.
O pesquisador foi a principal atração em painel com participação de José Marcos Câmara Brito, secretário Geral do Projeto 5G Brasil na TeleBrasil, e Wilson Cardoso, CTO Latam da Nokia, mediados por Hermano Pinto, diretor de Tecnologia e Infraestrutura da Informa Markets, responsável pelo Futurecom.
Hermano comemora o que considera “o maior encontro de tecnologia, telecomunicações e transformação digital da América Latina”. “Este ano, ratificamos a determinação do público brasileiro em retomar os eventos presenciais para networking e desenvolvimento de negócios.” Foram mais de 30 mil visitantes nos três dias, 800 palestrantes do congresso, mais de 200 horas de conteúdo e mais de 250 marcas expositoras.
Entre os expositores, a percepção é também de sucesso nessa retomada presencial do Futurecom. Para Marcello Miguel, diretor-executivo de Marketing e Negócios da Embratel, “Futurecom 2022 representou uma importante oportunidade para mostrarmos o posicionamento da Embratel como uma habilitadora da infraestrutura digital que levará o 5G para as empresas e governos”. “Os diversos casos de uso utilizando 5G que demonstramos durante o evento já indicam na prática exemplos de como a tecnologia apoia a inovação e potencializa novos modelos de negócios em áreas como saúde, indústria, cidades inteligentes e educação, em um importante processo de evolução tecnológica, econômica e social para o Brasil."
Diana Coll, diretora de Marketing e Comunicação da Nokia para América Latina, afirma que “no Futurecom 2022 foi possível nos reencontrarmos pessoalmente com nossos clientes e parceiros”. “Foi uma oportunidade fantástica para discutir como o setor está se moldando para fornecer conectividade de forma mais eficiente e criar indústrias mais produtivas.”
"O Futurecom se mostrou, mais uma vez, extremamente relevante e inovador, apresentando as principais tendências da indústria de tecnologia, mídia e telecomunicações”, afirma Matheus Rodrigues, sócio de TMT (tecnologia, mídia e telecomunicações) da Deloitte. “O conteúdo, apresentado por renomados executivos de todo o mundo, contribuiu para que as empresas participantes e os visitantes saibam como tirar o melhor proveito de cada inovação. Foi uma excelente oportunidade para se refletir sobre desafios e soluções relacionados ao futuro da transformação digital, da conectividade e do 5G em todos os setores do mercado.”
"Futurecom 2022 foi um momento especial para todos nós da Huawei Brasil. Tivemos uma excelente visitação no nosso estande e no 5G Truck, nossos dois principais sites no evento. Percebemos que os visitantes -- nossos clientes, parceiros, gestores, profissionais de TI, estudantes, jornalistas -- buscaram com afinco informações sobre as tecnologias 5G do portfólio da Huawei, além de debater os desafios importantes no atual momento, como a expansão da infraestrutura 5G e a inclusão digital no país. A nova tecnologia móvel tem potencial para gerar muitas oportunidades de negócios e a feira mostrou que esse será o cenário nos próximos meses", declarou Atilio Rulli, vice-presidente de Relações Públicas da Huawei América Latina e Caribe.
"Futurecom, como sempre, apresentou as principais tendências de tecnologia num momento em que o 5G é um divisor de águas para toda cadeia de valor ganhar performance no mercado. Nós da Watch Brasil tivemos uma experiência bastante positiva. Recebemos, além dos grandes players, um número surpreendente de pequenos e médios ISPs procurando serviço de valor agregado. É um ótimo cenário e demonstra que todos estão em busca de diferencial", afirma André Santini, diretor de marketing da Watch Brasil.
Para JB Queiroz Filho, CEO do grupo JBQ. Global, “depois de um período pandêmico, participar de um evento como Futurecom para nós da JBQ. Global foi extremamente importante, uma vez que escolhemos este local para o lançamento de duas grandes marcas dentro do nosso grupo: Adaga e Anggle. Foi um evento muito construtivo, onde fizemos grandes contatos e conexões incríveis olho no olho. Conseguimos apresentar soluções e serviços alinhados ao futuro da transformação digital e da inovação. A organização foi incrível, o atendimento está de parabéns e, por todo o resultado que tivemos, consideramos renovar a parceria em 2023.”
A estreia da TBNet, operadora de Telecom da TecBan, com estande próprio superou as expectativas. A empresa recebeu a visita de potenciais clientes interessados nas soluções, especialmente o LinkBooster, que fornece conexão redundante com altos índices de disponibilidade e rápida implantação, e o Wi-Fi Hub, que possibilita serviço de hotspot Wi-Fi em áreas de interesse do cliente com portal personalizado para cadastro de clientes ao fazer login. “Além disso, apresentamos um case com o Santander, com o qual realizamos uma eficaz instalação de nossas soluções, durante a pandemia e deu seu feedback sobre o benefício nas operações diárias. Estamos muito satisfeitos com a nossa participação no evento e esperamos retornar no próximo ano”, declarou o gerente-executivo da TBNet, Alexandre Coelho.
“Neste ano, a participação da DPR se resumiu em um trabalho incessante para atender nossos clientes. Mais uma vez, nosso estande foi um dos mais visitados do evento. Os resultados foram fantásticos e fechamos importantes parcerias e vendas com grandes clientes. Aplicamos diversas promoções para fechar novos negócios durante o evento”, ressaltou Marco Silva, diretor comercial da DPR.
A sueca Ericsson teve participação efetiva nesta edição em vários painéis, quando apresentou inovações baseadas em 5G. Rodrigo Dienstmann, CEO da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, foi destaque no painel “O 5G chegou, e agora? Como vamos suprir as expectativas do público e das empresas”, que reuniu altos executivos de fornecedores, parceiros e operadoras de telecom na Plenária Principal. Segundo Rodrigo, fabricantes e operadoras estão investindo centenas de milhões de reais desde o 4G, mas monetizam pouco. “A implementação do 4G foi um ‘desmatamento’ para o setor de telecomunicações. Está em nossas mãos mudar isso. Agora, temos que jogar as sementes e o adubo certos para que as operadoras monetizem toda a cadeia de valor do 5G.”
Crimes cibernéticos
Crimes cibernéticos e vazamento de dados sensíveis foram temas tratados na trilha Future Jud, comandada por Solano de Camargo, presidente da Comissão de Privacidade e Proteção de Dados da OAB/SP. Sua abordagem cita as medidas jurídicas de proteção contra-ataques hackers, principalmente sobre a legislação brasileira, que tem até alternativas que antecedem a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Entre elas, a Lei Carolina Dieckmann, homologada após o caso de vazamento de arquivos íntimos da atriz.
“Os casos de má-fé são em menor número do que os casos de ataques. Temos notícia de órgãos públicos sendo atacados por hackers já há muito tempo. Os mega vazamentos que o Brasil sofreu foram fruto de hackers”, observou o advogado. Camargo também explicou as diferenças entre os tipos de hackers, como crackers, white hat, black hat, gray hat, script kiddies e spy hacker, entre outros. De acordo com ele, o Brasil levou tempo para conseguir se adequar de forma jurídica em temas relacionados a crimes digitais.
Segundo Camargo “a pandemia digitalizou o mundo todo, fez com que todos ficássemos cada vez mais dependentes da internet e, por isso, tivemos uma pandemia de ataques cibernéticos tão intensa quanto a pandemia da Covid”. Ainda de acordo com o especialista, conforme estabelecido pela LGPD, caso os dados sejam vazados por conta de uma falha de uma empresa ou órgão, as pessoas podem procurar seus direitos até mesmo junto ao Procon.
Para o presidente da comissão da OAB/SP, a conta em ataques hackers no Brasil ainda é majoritariamente paga pelo setor privado, que fica à mercê de se adequar às regulamentações e proteger seus sistemas. “Quem paga essa conta mesmo são as empresas e principalmente as startups, que aliás vão pagar uma conta ainda maior quando entrar o marco civil da Inteligência Artificial.”
Ransomware: vale a pena negociar com hackers?
Um dos crimes virtuais mais comuns da atualidade são os ransomwares, ou sequestro de dados e contas em redes sociais que são supostamente liberados após o pagamento de um resgate. Apesar de constatar que a vítima deve seguir todos os procedimentos legais, Camargo crê que, em alguns casos, negociar acaba sendo a opção mais em conta, já que muitas vezes um contra-ataque poderá gerar ainda mais despesas, além de não garantir o retorno das informações sequestradas.
“Será que é ético eu chegar ao meu cliente e falar, ao mesmo tempo, levar ao conhecimento das autoridades e negociar com os hackers? Eu como advogado, presidente da comissão da OAB, em alguns casos eu posso aconselhar a negociar, mesmo sabendo que existe 10% de chance de o hacker não devolver”, pondera.
Ao final sua palestra, Camargo comentou que, em sua visão, os órgãos públicos ainda não estão preparados para lidar com as regulamentações existentes, mas que o cenário pode mudar com novas medidas que estão atualmente em discussão, como a PL da Inteligência Artificial e a LGPD Penal. “Não é que eu não acredite no órgão público, mas é que estou sendo realista, de que muitas vezes tais regulamentações não são cumpridas.”