* Mariângela Ikeda Ribeiro e Kleber Freitas
Recentemente temos ouvido relatos de que a incidência de furtos vem crescendo muito e isso está preocupando o setor do varejo alimentar no Brasil. Conhecido como furto famélico ocorre quando alguém furta para saciar uma necessidade urgente e relevante. É a pessoa que furta para comer pois, se não furtasse, morreria de fome.
Nos Estados Unidos, precisamente na Califórnia, foi implementada uma nova lei chamada “Proposition 47”, que ficou conhecida por rebaixar o furto de mercadoria em lojas (shoplifiting) da classificação de crime para a de contravenção penal, passando a ser um pequeno delito. A lei foi alvo de polêmicas no mundo todo, e no Brasil, com o PL 4540/2021 ainda para ser votado, tem chamado a atenção dos varejistas e os provocando atitudes preventivas contra esses furtos.
No Brasil, os furtos representam entre 25 e 30% das quebras no varejo e têm aumentado devido à perda do poder de compra do consumidor. Muitas vezes estão bastante atrelados ao comércio paralelo - em semáforos, transporte público e outros – girando em torno das categorias de potencial para este comércio como balas de goma, chocolate, aparelhos de barbear, bebidas entre outros.
A boa gestão das prateleiras é fundamental para a diminuição dos furtos. Seguem abaixo três recomendações de prevenção de furtos por gestão de gôndola:
- Posicionar produtos de alto potencial para o furto em áreas estratégicas, de bastante fluxo, desencorajando o furto;
- Utilizar equipamentos de prevenção como os alarmes e as gancheiras, que permitem a retirada de apenas um produto por vez;
- Em situações críticas, controlar a quantidade de produtos de alto valor agregado em gôndola, para evitar que o produto esteja na gôndola nos horários de maior incidência de furto.
Um outro ponto de atenção são os furtos realizados por colaboradores. Para isso, deve ser criada uma lista de “Produtos de Alto Risco” e providenciar o confinamento desses itens dentro do estoque. Também é importante criar um processo de movimentação interna desses SKUs (Stock Keeping Unit), que mostra quem retirou, quantidade e o produto que retirou, para que a perda por furto seja mínima.
Não podemos deixar de mencionar as equipes de segurança, que são fundamentais na prevenção, mas que, com a maior pressão acarretada pelo aumento de furtos, e sem o treinamento apropriado, acaba cometendo excessos e episódios racistas ou de violência. Grandes redes já se viram envolvidas em escândalos que ganharam visibilidade na mídia e abalaram suas marcas entre os consumidores. Deste modo, nenhum varejista pode deixar de olhar para o treinamento correto e intenso destes profissionais - normalmente terceirizados - e de seus colaboradores internos que aborde o tema de roubos com a realização de workshops, elaboração de manuais e revisão dos códigos de conduta moral.
Em suma: uma gestão de gôndola eficiente, somada à criação de processos e treinamentos pode reduzir o impacto das quebras por furtos que tem assombrado tanto os varejistas neste momento recessivo.
Mariângela Ikeda Ribeiro, diretora comercial e Kleber Freitas, coordenador de contas, ambos colaboradores da Scanntech especializados em gestão varejista. A Scanntech é a, plataforma de dados granulares e acionáveis, que aumenta a eficiência do varejo, melhorando o resultado por meio de inteligência de mercado.