Inovar, adaptar e transformar é tema de painel no Futurecom Digital Summit

A transformação digital que está em curso foi acelerada compulsoriamente em razão da mudança radical provocada pela pandemia neste ano. Essa conclusão é um consenso entre gestores e profissionais de TI, que debatem se essa transformação é provocada pela tecnologia ou se é comportamental. Há uma percepção de que quem transforma é a pessoa, o profissional. O novo pensamento e as ideias de modelos de negócios inovadores surgem a partir da evolução das pessoas, tendo as ferramentas da tecnologia como facilitadoras para se colocar em prática a automação do trabalho.

A proporção que a pandemia assume nesse contexto foi o tema da noite de ontem do Futurecom Digital Summit, encontro on-line que nos adianta os debates que estarão no palco da 22ª edição do Futurecom, maior evento de tecnologia, telecomunicações e transformação digital da América Latina, entre 27 e 29 de outubro, noSão Paulo Expo, em São Paulo. O painel “Inovação, Adaptação ou Transformação Digital? Qual o Papel da Pandemia na Digitalização dos Negócios?” contou com apresentação dos casos de empresas como Grupo Boticário, Cogna Educação, Light e Sapore, com mediação de Jamile Sabatini, diretora de inovação e fomento da ABES.

Para a maioria dos participantes do painel, a ideia é de que a reinvenção é hoje a principal necessidade no universo dos negócios. Daniel Knopfholz, CIO do Grupo Boticário – que detém sete marcas do setor de perfumaria e cosméticos –, “inovação é resultado do momento em que os problemas surgem e as pessoas conseguem resolvê-los de forma criativa e diferente”. “Inovação não vem de ideias de um gênio, mas, na prática, é a adaptação às dificuldades e melhoria contínua; é um processo de ir melhorando e inovando”, argumenta. O grupo inovou durante a pandemia com o lançamento de canais digitais de vendas como, por exemplo, pedidos por WhatsApp entregues pela loja mais próxima do cliente em 30 minutos ou maquiagem que pode ter experimentação digital em um aplicativo na tela do celular da cliente. Hoje, 35% do faturamento já é representado por vendas digitais.

Empresas tradicionais que não se adaptarem aos novos tempos podem não ter um futuro muito promissor no novo cenário mundial. Não somente pelas mudanças causadas pelo novo coronavírus, mas porque a digitalização é um caminho sem volta. O painel demonstrou casos de empresas com décadas de atuação no Brasil que estão se reinventando. É o caso da Cogna Educação e da Light. A Cogna tem 50 anos de vivência e precisava se reinventar. Começou criando uma área de dados para tomada de decisões. “Nossa primeira visão foi alterar a estrutura tradicional que abriga vários segmentos de nossa instituição e agregar a todos numa só plataforma. Em seguida, adotamos o conceito ‘customer experience’ para entender a necessidade dos alunos”, explica Gabriela Diuana, diretora de transformação digital da Cogna Educação.

No caminho da transformação, a instituição fechou parceria com o Cubo/Itaú e patrocina startups de educação para inovar o setor. “O modelo de sucesso com as startups é aprender com os erros e não errar mais”, diz Gabriela. Ela reforça que na Cogna, os alunos estão no centro do processo e são os embaixadores da transformação.

No setor de fornecimento de energia elétrica de uma empresa centenária, a transformação é uma incógnita que exige mais criatividade ainda. Alexandre Santos, CTIO da Light, explica que o setor é regulado pelos órgãos governamentais, além de ter muita dificuldade para colocar mudanças em prática. “Até o começo deste ano, home office era algo impossível de se viabilizar numa empresa como a nossa. Temos pessoal em campo para manutenção, atendimento ao público, escritórios espalhados em várias localidades e tivemos de absorver essa ideia da noite para o dia”, conta Santos. Foi um impacto forte nos aspectos culturais de uma empresa de tradição hierárquica, mas tudo se ajeitou e está funcionando. O executivo afirma que agora é o momento da colaboração.

O setor de alimentação é, talvez, um dos que mais velocidade precisou imprimir para conquistar o pódio durante o isolamento social. Da noite para o dia, nada mais podia ser servido nos estabelecimentos e o delivery se tornou o principal motor dos negócios. Rafael Tobara, head de tecnologia da Sapore, conta que a empresa tinha sua operação totalmente voltada para servir refeições em restaurantes de empresas, escolas, hospitais e eventos. Ou seja, só presencial. A reinvenção veio por meio da adoção de plataformas de aplicativos para conectar o serviço com quem quer consumir. A Uber é uma delas, que passou a vender refeições para a Sapore. “Mesmo que não pareça uma ideia nova, a parceria com startups nos ajuda a transformar nosso negócio, que atende 1,3 milhão de pessoas por dia”, revela Tobara. Para ele, a inovação foi transformar o B2B em B2C neste momento. A empresa está usando a tecnologia para traçar o perfil dos consumidores, acompanhar sua jornada e oferecer refeições de acordo com seu costume de horário e comportamento.

Percepções

Ao longo de quatro dias, o Futurecom Digital Summit reuniu 5.000 pessoas e 52 palestrantes, totalizando 15 horas de conteúdo. Até o momento, registrou um público de 45% no estado de SP e 55% nos demais estados do Brasil, além de uma presença internacional de países Angola, Argentina, Canadá, Holanda, Reino Unido, Polônia, Portugal, Paraguai, Estados Unidos, Uruguai.

“Foi uma ótima experiência poder compartilhar com outros líderes a visão da Thyssenkrupp de como a digitalização e a indústria 4.0 são importantes para alavancar a eficiência e a produtividade da indústria brasileira. Além disso, é gratificante conhecer tantos exemplos práticos da evolução trazida pela transformação digital em setores tão diversos da economia”, afirma Paulo Alvarenga, CEO da Thyssenkrupp na América do Sul.

Para Longinus Timochenco, CISO da Kabum!, o formato on-line atraiu novos públicos que, eventualmente não poderiam participar presencialmente pela distância física. “Tenho acompanhado as discussões ao longo da semana e a repercussão entre os executivos com quem tenho falado é muito boa. Há bastante conteúdo e troca de experiências, o que comprova que não existem fronteiras para a informação de qualidade”, ressalta.

Na avaliação de Antonio Carlos Neves, CIO do Groupe PSA, “Foi um evento de alto nível, que conseguiu abordar temas interessantes com profissionais experientes a uma grande audiência, mesmo em um momento conturbado que estamos vivendo”.

“Tempos atípicos exigem propostas inovadoras. Por isso, a iniciativa do Futurecom Digital Summit vai ao encontro da necessidade dos profissionais da área de tecnologia se manterem atualizados, conhecendo casos de sucesso e acumulando novas experiências em temas, sem comprometer as medidas de distanciamento social. A variedade dos assuntos tratados, a abrangência dos palestrantes, e a qualidade do material produzido impressiona”, destaca o internauta que tem acompanhado os encontros online Theo Pires, engenheiro na Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará/Engenharia Civil e Gestão de TIC Pública.

Já Alberto Vieira Andrade, manager Field Operations da CenturyLink Brasil, que também tem assistido as apresentações virtuais do Digital Summit, acessando o evento on-line diretamente dos Estados Unidos, afirma que ficou bastante satisfeito com a escolha da grade de profissionais e especialistas de alto nível e conhecimento.

Nesta segunda-feira, dia 29 de junho, o Futurecom Digital Summit dá continuidade em suas rodadas on-lines que seguem até o dia 2 de julho. Organizado pela Informa Markets, o Digital Summit leva para seus debates a mesma qualidade dos conteúdos do encontro físico do Futurecom. São duas sessões diárias com acesso totalmente gratuito e veiculadas pelo site do Futurecom.

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