Previsão é de que o segmento movimente até R$ 26 bilhões nos próximos anos, porém crescimento esbarra em preconceito e falta de conhecimento

Segundo dados da consultoria especializada BDSA, o mercado global de cannabis legal atingiu o patamar de vendas de US$ 21,3 bilhões em 2020, crescendo 48% em relação ao ano anterior. E as estimativas apontam tendência de crescimento de 17% ao ano nos próximos cinco anos e faturamento de US$ 55,9 bilhões até 2026.

No Brasil não é diferente, a previsão é de que o segmento  movimente até R$ 26 bilhões até 2025, com a aprovação do PL 399/2015, que trata da produção de produtos à base de Cannabis para fins terapêuticos. O Projeto de Lei foi aprovado pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados e agora aguarda aprovação pelo Senado Federal para entrar em vigor. Desde o ano passado, a Anvisa aprovou a importação legal para uso medicinal de produtos à base de canabidiol para tratamentos sob prescrição médica. Antes utilizada para tratamentos de doenças como epilepsia e Parkinson, a cannabis agora está sendo receitada para combater a ansiedade e depressão.

Nos últimos meses, em razão da pandemia, se viu um aumento de pessoas à procura de tratamentos médicos com base em canabidiol. De acordo com a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace), no período de isolamento social dobrou o número de pacientes cadastrados para receber esse tipo de medicação em relação a antes da pandemia, saltando para 1.600 casos. Atualmente, mais de 400 mil brasileiros fazem uso de medicamentos à base de canabidiol.

O grande entrave para o setor, no entanto, é o preconceito e falta de informação sobre o assunto. Na Europa e, especialmente, nos Estados Unidos e Canadá, os produtos derivados da Cannabis sativa estão presentes em inúmeros produtos, desde medicamentos até fibras produzidas com cânhamo (utilizada em aeronaves), enquanto no mercado brasileiro estes itens ainda são vistos com desconfiança e carecem de regulamentação.

“A adoção de produtos canábicos é uma tendência global e é reconhecida por instituições  respeitadas, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as Academias Nacionais de Ciências dos Estados Unidos. Áreas antes consideradas inalcançáveis, como a medicina psiquiátrica e a esportiva, hoje fazem extenso uso desses itens, com o aval de instituições de prestígio mundial, como a WADA (Agência Mundial Antidoping)”, explica Bruna DAgostino, CEO e fundadora da Seeding Brasil, master service do mercado de cannabis, lançada este ano com objetivo de desenvolver o mercado no País.

A companhia, considerada uma Master Service, tem como objetivo desburocratizar todo o processo do acesso a estes produtos, seja para uso medicinal ou industrial.  A Seeding atende empresas interessadas em vender no Brasil com controle de qualidade, assessoria empresarial, consultoria de mercado e vendas, treinamentos especializados, além de rastreabilidade de produtos usando blockchain para produtores, revendedores e consumidores, garantindo que, por meio da tecnologia, a qualidade de todos os produtos e serviços seja a maior possível.

A empresa também presta auxílio aos pacientes, disponibilizando produtos, médicos prescritores, pedido da autorização de importação junto à ANVISA, compra e entrega desse material e o acompanhamento do tratamento no pós-venda. E, para apoiar na disseminação de informações confiáveis, a master service desenvolve uma série de conteúdos. Para os médicos, a Seeding trabalha com cursos online, eventos e suporte de prescrição.

A estimativa da Seeding é faturar nos próximos três anos R$ 3,61 milhões. Parte destes recursos devem vir da receita com a representação de produtos. Atualmente, a Seeding detém autorização para vendas e distribuição dos produtos da CBD Vitality, uma das marcas mais reconhecidas no mercado canábico global e da BeYou é uma marca inglesa premiada, com foco na saúde feminina. Além disso, acaba de fechar uma parceria com o primeiro SPA brasileiro especializado em tratamentos com uso de CBD.

“Nosso foco é educar as pessoas para o mercado canábico legal no Brasil e mostrar todas as vantagens e possibilidades que ele oferece, desde os médicos e farmacêuticos que saberão dos medicamentos com CBD que poderão ser prescritos, até os pacientes que saberão que há uma alternativa nova em seus tratamentos para diversos males, desde um transtorno de atenção até uma terapia alternativa para seu pet. Também pretendemos mostrar a atletas de ponta que agora existem novas alternativas para ganho de performance em diversas áreas é, o melhor de tudo, aprovadas pela WADA. As possibilidades são muitas e a Seeding contemplará todas elas”, explica Bruna.

A Seeding foi fundada por quatro jovens empreendedores e surgiu da necessidade de dois dos sócios fundadores, a CEO Bruna DAgostino e  de seu marido Paulo Ramos, que atua como COO da empresa. Quando o filho do casal tinha um pouco mais de 1 ano foi diagnosticado de forma equivocada com autismo, o que fez com que eles estudassem este mercado e buscassem alternativas para o tratamento. Hoje, aos 3 anos, o pequeno Philip faz tratamento com  CBD - porém, para TDAH.

Além de Bruna e Paulo Ramos, são sócios fundadores: Bruno Magliari (CSO)  que possui três anos de experiência no mercado canábico e atuou como executivo de vendas do mercado de saúde pública e suplementar, e  Alisson Goulart (CPO), executivo de Inovação Aberta há seis anos, tendo acelerado mais de 15 startups e sendo co-fundador de outras três.