Quando você chega, ele já está lá. Pausa para o café? Almoço? Nem pensar. No final da tarde, você vai embora, mas ele fica. Trabalhando. Ou, se não tiver nada para fazer, simplesmente esperando uma nova tarefa. Esse é o seu novo colega de trabalho, um agente de Inteligência Artificial.
Em apenas quatro anos saímos de um modelo com inteligência comparável a uma criança na pré-escola, o GPT-2 em 2019, para um modelo com inteligência comparável a um adolescente inteligente terminando o segundo grau, o GPT-4, lançado em 2023.
Desde 2010, quando novos algoritmos de redes neurais começaram a apresentar resultados imprevisivelmente bons, a comunidade de pesquisadores de IA “dobrou a aposta”. Perceberam que os modelos se tornavam mais “inteligentes” na medida em que se tornavam maiores, utilizando mais parâmetros, e eram treinados com maior poder computacional. Além disso, perceberam que outros avanços como, por exemplo, o aumento da janela de contexto, também aumentava o desempenho dos modelos.
E nada indica que essa evolução tenha chegado ao final. Os desenvolvedores continuam produzindo modelos maiores e investindo milhões de dólares em Data Centers voltados a treinar esses modelos. Já se fala em construir Data Centers que irão custar a bagatela de um trilhão de dólares para treinar modelos cuja inteligência será comparável à de um estudante de doutorado.
Em setembro de 2024, a OpenAI, criadora do mais conhecido aplicativo de IA, o ChatGPT, anunciou a disponibilidade do modelo GPT o1-preview. Diferente dos demais modelos existentes no mercado, o GPT o1 é capaz de raciocinar e decidir qual a melhor abordagem para resolver um problema proposto a ele.
Um agente de IA é um programa de computador que utiliza IA na execução da tarefa para o qual ele foi projetado. Ele não apenas utiliza a IA para planejar como para executar uma tarefa, mas reflete sobre os resultados em cada passo da execução, toma decisões e pode utilizar outras ferramentas, inclusive outros agentes de IA.
Mas os agentes de IA são uma tecnologia recente, que apenas acabou de nascer e ainda está dando seus primeiros passos. Na medida em que os modelos de IA evoluam, os agentes de IA serão capazes de executar tarefas cada vez mais complexas, diferentemente dos agentes atualmente disponíveis, que já são capazes de executar tarefas de menor complexidade.
Grandes empresas de tecnologia já anunciaram a disponibilidade desses agentes, assim como a possibilidade de você mesmo desenvolver o seu para tarefas específicas. A Microsoft e a Salesforce são exemplos de empresas que já anunciaram a disponibilidade de agentes de IA para multiplicar a produtividade dos usuários de seus produtos.
Para se ter uma ideia dos valores, o Microsoft Copilot custa hoje em torno de 20 dólares por mês. Ainda que os modelos continuem a evoluir, com crescente capacidade de raciocínio, esse custo deve se manter estável ou até mesmo cair, pois o custo de processamento dos tokens vem caindo de forma exponencial. “Inteligência” nunca foi tão barata.
E esse sujeito vai passar a fazer parte do seu time muito em breve. Talvez até atualizem o organograma da empresa, para todo mundo saber que os times agora são compostos por humanos e por IAs especializadas, isto é, os agentes.
Eles vão estar em todos os departamentos. Finanças, vendas, marketing, produto, operações, ou qualquer outro que faça parte do organograma da sua empresa. Eles vão interagir com você, com outros humanos e com outros agentes sempre que necessário, com o único objetivo de executar as tarefas que receberam.
E não se preocupe com espaço, mesa, cadeira e outras coisas do tipo. Ele não precisa de nada disso. Está “na Nuvem”. Já existem até marketplaces onde você pode procurar, encontrar e contratar um agente para fazer aquilo que precisa.
Mas o que isso significa para o mercado de trabalho?
Ao assumir tarefas rotineiras e repetitivas, esses agentes permitirão que os profissionais humanos se concentrem em atividades mais estratégicas e criativas, aumentando consideravelmente a produtividade. Essa mudança não apenas otimizará os processos internos das empresas, mas também exigirá uma adaptação das habilidades dos trabalhadores, que precisarão estar cada vez mais capacitados para interagir e colaborar com os a Inteligência Artificial. Em breve, espero ver uma integração harmoniosa entre humanos e agentes de IA, onde a combinação das capacidades de ambos resultará em uma força de trabalho mais inovadora, eficiente e produtiva.
E aí? Já pensou como vai ser trabalhar com um exército de agentes que irão multiplicar a sua produtividade dezenas de vezes? E ainda melhor, vão continuar trabalhando enquanto você toma um cafezinho.
Por Claudio Della Nina, diretor-geral América Latina da RX.