Andrei Junqueira, channel business manager da Milestone para o Brasil.

Desde o seu surgimento no mercado mundial, as soluções de “cloud computing” ou computação em nuvem, não cessaram de evoluir com a oferta de novas tecnologias, plataformas e serviços, tornando-se cada vez mais uma alternativa incontornável para as organizações de todos os portes e tipos.

No Brasil, segundo análise da IDC (International Data Corporation), os gastos com os serviços de infraestrutura em nuvem atingirão 1,9 bilhão de dólares em 2022, com um crescimento de 36% em relação ao ano anterior. Na região da América Latina a projeção de crescimento dos investimentos em infraestruturas de TI em nuvem para os próximos anos é de aproximadamente 30%, e atingirão a cifra de 30 bilhões de dólares em 2025, segundo análise recente do BCG (Boston Consulting Group).

Esta forte tendência de crescimento justifica-se pelas inúmeras vantagens oferecidas por essa gama de soluções e faz com que atualmente a grande maioria das empresas e demais tipos de organizações privilegiem a adoção dos serviços em nuvem, migrando seus dados e aplicações para os datacenters dos provedores de nuvem, como Amazon, Google, IBM e Microsoft, entre outros mais.

E isso inclui obviamente os dados de seus sistemas de segurança patrimonial, com ênfase para a videovigilância, que requer opções avançadas de gestão e armazenamento de dados e que estão disponíveis nas ofertas de serviços na nuvem.

Neste artigo vamos percorrer alguns aspectos importantes para o entendimento das oportunidades de economias e flexibilidade, proporcionadas tanto pelas soluções de computação 100% em nuvem, como as híbridas, e de suas aplicações para os sistemas de videovigilância.

Vantagens da computação em nuvem para a videovigilância

Os sistemas de gerenciamento de vídeo conhecidos como VMS, do acrônimo “Video Management System” em inglês, constituem uma componente essencial dos modernos sistemas de segurança patrimonial nas organizações atuais. Entretanto, a implementação de uma infraestrutura de VMS, 100% em modo local, “On-Premise”, incluindo servidores, módulos de armazenamento e demais dispositivos de rede, exige um elevado orçamento para investimentos principalmente em hardware e software, além dos custos agregados relacionados aos espaço em salas técnicas, com climatização e eletricidade para sua instalação física, bem como, os custos para equipes técnicas altamente capacitadas, necessárias para realizar a instalação, manutenção, atualização e proteção contra ataques cibernéticos, entre outras despesas.

Com a computação em nuvem as organizações não necessitam mais planejar ou adquirir servidores e demais itens de infraestrutura de TI, com semanas ou meses de antecedência, pois os mesmos podem ser facilmente habilitados em função da demanda e do crescimento, em uma quantidade apropriada. Sob o prisma da gestão financeira o impacto dessa decisão pode ser considerável, pois os serviços de computação em nuvem permitem converter as despesas de investimentos em capital de infraestrutura, “CAPEX”, por despesas operacionais, “OPEX”, que proporcionam muito mais flexibilidade para a gestão empresarial.

O avançado gerenciamento proporcionado pelas soluções e equipes dos provedores de serviços de computação em nuvem, abrange aspectos importantes das estruturas física e lógica de TI, como os necessários cuidados com a segurança cibernética e com a alta disponibilidade dos dados, que exigem um elevado nível de especialização dos profissionais responsáveis por sua instalação, configuração e manutenção. Essa especialização, intrínseca na missão e objetivos desses provedores de serviços em nuvem, proporciona a disponibilização de funcionalidades evoluídas como a virtualização e a redundância, soluções e configurações avançadas de proteção contra os ciberataques, otimização de suas infraestruturas físicas para uma maior eficiência energética e com isso o aumento da sustentabilidade e redução dos impactos ambientais, entre outros inúmeros benefícios.

Todos esses atributos podem ser aplicáveis com vantagens, em diferentes segmentos de atuação, à título de exemplo, nas corporações de telecomunicações que necessitam proteger múltiplas torres de telefonia celular, em uma extensa área geográfica, a utilização de infraestruturas e serviços em nuvem possibilita simplificar consideravelmente a implementação dos sistemas de videovigilância. Nas torres de telefonia, as câmeras em rede transmitem diretamente os dados com as imagens para os datacenters em nuvem, e com isso localmente não há necessidade de instalação de outros equipamentos, como servidores e módulos de armazenamento. Nesse caso, quando há necessidade de expansão do número de torres e câmeras, a escalabilidade do sistema pode ser redimensionada sem complicações. Com a computação em nuvem, o espaço de armazenamento pode ser contratado e ajustado dinamicamente e esse aspecto pode representar um diferencial determinante para os sistemas de videovigilância de médio e grande porte, com algumas centenas e até milhares de câmeras.

Ademais da flexibilidade viabilizada pelo armazenamento adaptável, a computação em nuvem apresenta outros importantes diferenciais que simplificam a gestão e o acesso aos dados, com sua administração centralizada, com ênfase nas tecnologias de “Web Services”, que viabilizam a conexão com diferentes dispositivos, como smartphones, tablets, laptops e workstations. Aliás, a flexibilidade também é uma característica intrínseca da computação em rede e em nuvem, que pode ser concebida e configurada sob diferentes topologias e arquiteturas.

Vantagens das soluções híbridas, operando localmente e em nuvem

O conceito básico de nuvem híbrida se refere a combinação de dois ambientes de computação que compartilham dados entre si. Em muitos cenários uma implementação de sistema em modo híbrido (parte no local/parte na nuvem) pode oferecer uma alternativa interessante, como em casos de migração tecnológica ou de hardware por exemplo. Consideremos uma organização que já disponha de uma infraestrutura, com hardware e software, e que necessite crescer orientada para o futuro, como alternativa, ela poderá manter seu sistema atual em utilização e contratar apenas a infraestrutura excedente necessária em nuvem, de acordo com sua necessidade e com o ciclo de vida útil de seus equipamentos.

Neste contexto, a constante evolução dos dispositivos de videovigilância e dos VMS, sistemas de gerenciamento de vídeo, com suas inúmeras funcionalidades e inteligência, e suas configurações e gerenciamento avançados, viabilizam suas aplicações em arquiteturas de nuvem híbridas, com benefícios significativos que possibilitam potencializar ainda mais esses recursos.

O armazenamento de vídeo por exemplo, pode demandar enormes capacidades em espaço de disco, em função das exigências legais e também às relacionadas aos períodos mínimos para retenção dos dados. Manter as sequências de vídeo ativas por 30, 60 ou até 90 dias, já representa uma prática comum em algumas organizações. No entanto, em função da complexidade da instalação e da quantidade de câmeras, esses prazos de retenção podem acarretar custos muito elevados e assim, impactar o orçamento dedicado aos sistemas de segurança patrimonial.

Um exemplo das exigências relacionadas ao período de retenção das imagens é o das seguradoras, especialmente para os transportes de cargas e bens valiosos, como automóveis ou máquinas industriais, com a exigência de captação de vídeo e conservação das imagens por períodos de até 30 dias. Esses prazos podem variar em função dos aspectos relacionados aos trajetos e entregas das mercadorias, além das eventuais reclamações no período de garantia, pós entrega. Assim, para apólices que envolvam mercadorias de alto valor, com riscos de atrasos de expedição ou fornecimento, alongando os prazos de entrega, as seguradoras podem exigir que as provas em vídeo permaneçam arquivadas por até mais de 90 dias. Para casos como este, o benefício da escalabilidade flexível para armazenamento em nuvem das sequências de vídeo representa um valor agregado importante, proporcionando flexibilidade e economias.

Nas situações em que a exigência de retenção das sequências de vídeo requeira um volume de armazenamento muito grande, a organização pode optar por uma arquitetura híbrida, mantendo localmente uma capacidade reduzida suficiente para alguns dias de disponibilidade e destinando à um provedor de armazenamento em nuvem, volumes maiores de vídeo, por períodos mais extensos. Assim, ao invés de adquirir e instalar centenas de terabytes, em unidades e infraestrutura de armazenamento, os usuários podem dispor de apenas algumas dezenas de terabytes, por exemplo, manter localmente as sequências de vídeo por períodos curtos e depois arquivá-las em nuvem por períodos mais extensos. Isso não altera o fluxo de trabalho das organizações, mas possibilita reduzir os custos de investimentos em bens imobilizados que seriam necessários para manter o sistema 100% no local.

Esses modelos híbridos permitem o acesso contínuo às imagens ao vivo, gravações e alarmes, por meio de câmeras conectadas fisicamente no local e virtualmente por meio da nuvem, proporcionando mais funcionalidades, facilidade de utilização e benefícios operacionais.  A configuração de um VMS em nuvem híbrida permite que as organizações reduzam os riscos, aprimorem os esforços de segurança, ao mesmo tempo em que escalam suas operações diárias nas unidades de negócios.

Em suma, minimizar o uso de hardware e priorizar ou migrar para um modelo de custo variável e previsível, ajuda as organizações a potencializar a eficiência de seus sistemas de videovigilância e assim obterem melhores resultados. Portanto, independentemente da implementação parcial ou completa em nuvem, esta solução torna-se cada vez mais ideal para otimização do planejamento, simplificação e adequação dos processos, acompanhando o crescimento das organizações e tornando ainda mais eficiente a gestão de seus recursos financeiros.