José Augusto Ferronato (*)

As soluções nativas em nuvem são apontadas por especialistas como a evolução das aplicações para viabilizar a transformação digital e acelerar os negócios. Se a sua opção é construir aplicações em cloud para fazer uma gestão financeira eficiente dos recursos em nuvem, é comum surgir o questionamento: qual deve ser o meu primeiro passo? Minha resposta é Assessment, método utilizado para oferecer mais precisão aos diferentes processos de escolha dentro de uma empresa.

Nesta etapa é importante entender o ambiente atual da companhia e desenhar o que precisa ser feito. É o momento para realizar uma análise abrangente da sua aplicação e definir como migrá-la para a nuvem, a partir de relatórios, métricas e estratégia bem definida.

A maioria das decisões de modernização não é apenas técnica, pois é fundamental combiná-las com várias fontes de informações e, ao final, ter certeza de que o investimento e a mudança serão bons para o seu negócio.

O processo de Assessment é composto por duas etapas: a primeira delas é quando entendemos o requisito de negócio, enquanto a segunda é o processo de levantamento propriamente dito, utilizando uma abordagem vinda da fase anterior.

Para validar corretamente seu portifólio de aplicações e definir a estratégia de migração, é necessário combinar o contexto de negócio de cada aplicativo com os componentes de tecnologia. Para isso existem algumas etapas básicas:

· Objetivos da migração

Será realizada uma entrevista junto ao “staff” para entender qual o objetivo de ir para a nuvem. Exemplo: “Quero reduzir meu tempo de indisponibilidade em uma hora” ou “Quero reduzir meu custo de OPEX em R$ 1 milhão por ano”.

· Inventário de aplicações

Esse estágio consiste no levantamento de informações da aplicação com base em registros e ferramentas automatizadas. Aconselhamos identificar pessoas que possam falar sobre a aplicação e entender melhor como ela funciona e as regras de negócio.

· Inventário de infraestrutura

Aqui, fazemos o levantamento da infraestrutura que suporta a aplicação atual, servidores, database e storages. Esse processo pode ser conduzido manualmente ou com o uso de soluções de inventário.

· Mapeamento da aplicação

Entender se a aplicação possui dependências externas, APIs, componentes, entre outros.

· Maturidade da aplicação/sustentação

É feito um questionário sobre a maturidade da aplicação e sustentação, tais como: “Possui documentação?”, “Possui Deploy?”, “Arquitetura atual está atualizada?”

· Executar o assessment da aplicação e prover estratégias de migração

Com base nas etapas anteriores e em todas as informações coletadas, é hora de identificar qual a melhor técnica: Refactor, Replatform, Repurchase, Rehost, Retire ou Retain.

· Analisar o código de aplicações marcadas como Refactor e Replatform

Para essas aplicações é necessária uma análise no código, que apoiará na validação da complexidade de dependências e no que é preciso mudar.

A essa altura você deve estar se perguntando quanto vai custar ir para a nuvem. Fique tranquilo, pois será apresentado um relatório com estimativas em horas e valores para levar sua aplicação para o modelo de cloud.

Para o Assessment é possível automatizar o levantamento de informações, acelerar a adoção da nuvem e a tomada de decisão. Já existem ferramentas que ajudam a validar valores, Retorno sobre o Investimento (ROI), recursos onde a empresa deverá se concentrar durante a migração para tornar o processo mais simples. Muitas soluções já exportam relatórios personalizados, que apoiam o time de negócios e tecnologia a validar o ambiente e fazer os ajustes necessários para que a aplicação seja levada para a nuvem. Elas conseguem atuar com vários padrões e arquiteturas para sugerir qual a nuvem ideal para seu negócio.

Antes de migrar é necessário, também, considerar alguns pontos como ciclo de vida do serviço, tecnologias e infraestrutura. A causa mais comum para que a migração de aplicações para cloud seja interrompida ou ultrapasse o orçamento é justamente a falta de informações suficientes das aplicações atuais para o time. Trabalhar com documentos de design antigos, lembrança e instinto não são a receita para o sucesso.

(*) José Augusto Ferronato é Cloud Engineer da TecCloud, empresa do Grupo Stefanini.