Marcelo Miranda, presidente da Consolys Tecnyconta e Conselheiro ABRH

Transformação digital não é aprender usar o Zoom em tempos de pandemia. Muitos acham que, só porque foram obrigados a usar videoconferência e trabalhar de forma remota, digitalizaram a empresa em tempo recorde. Ledo engano. Na verdade, percebo que isso mostra o quanto há atraso quando falamos de uma real mudança nesse sentido.

A realidade é que a tecnologia é um caminho sem volta, e os negócios que não se adaptarem a essa necessidade vão sofrer. Por outro lado, ganham muito aqueles que percebem que, no fim das contas, estamos falando sobre usar o poder da informação em favor do cliente . O principal objetivo da transformação é como utilizar, de forma simples, uma tecnologia para resolver os problemas dos clientes. A transformação precisa ser centrada nos clientes, não nos problemas da própria empresa.

Sabemos quem quanto menos digital é o negócio da empresa, mais impactante pode ser uma transformação. Mas empresas não digitais têm nas mãos uma grande oportunidade de agregar tecnologia e informação ao portfólio. Em uma rápida busca sobre “transformação digital”, descobrimos muitas notícias sobre como negócios estão revolucionando seus resultados porque adotaram uma essência básica digital. Isso no varejo, na indústria, nos bancos, na construção civil, no setor imobiliário, alimentício, onde mais podermos sonhar.

Ou seja, transformar não é só criar um canal a mais de marketing digital e, sim, fazer com que todo o processo seja alinhado pela tecnologia e pela informação. Um setor que vem se transformando é o imobiliário, e a pandemia acelerou esse processo. Vimos isso no lado comercial, sem a possibilidade de contato presencial, com toda a gestão do marketing digital para atrair o cliente e as soluções bem feitas de realidade virtual para visitas de imóveis a distância.

O setor de imóveis também apostou em alternativas digitais para o processo burocrático de compra, com aplicativos de simulações, validações de crédito, plataformas digitais de busca de documentos e assinaturas em cartórios, entre outros. Na construção civil, minha área de atuação, posso falar também de algumas transformações digitais. A questão é que, por mais que seja um negócio de muitos de anos, de cimento, areia e água, a tecnologia pode transformar e resolver problemas dos clientes.

Um dado da International Data Corporation, citado pela Serasa Experian , afirma que 70% das empresas listadas no Fortune 500 montaram times dedicados à transformação digital. Ou seja, para digitalizar, a mudança precisa ser na mentalidade geral.

Para transformar negócios tradicionais com o uso da tecnologia, e os dados gerados com a ajuda dela, não é possível sem liderança, gestão de pessoas e posicionamento. Treinar pessoas para se adaptarem ao novo cenário e reforçar suas características mais humanas - soft skills - é o caminho da integração com os dados, os recursos tecnológicos.

Enquanto a máquina assume o papel de reunir informações preciosas sobre o que irá gerar resultados, são os humanos que têm o poder de tomada de decisão, procura de soluções e criatividade. Uma coisa não substitui a outra! Entendo o medo que muitos têm da tecnologia, pois mudanças geram resistência. Por isso, para digitalizar, gestores devem reestruturar processos e movimentar a cultura empresarial com essa mentalidade.

Mudanças têm de ser com foco nos problemas de todas as partes envolvidas. É como falei: fazer melhor, mais barato, mais rápido e com impacto mais positivo na sociedade e meio ambiente, focado em reais do cliente.

Sobre Marcelo Miranda

Marcelo é um executivo e empreendedor com um forte perfil de liderança consciente e com compromisso na criação de inovações que levam ao desenvolvimento sustentável. É Engenheiro Civil formado pela UFMG, com MBAs por Stanford e pelo Ibmec, e cursos de especialização em Harvard, Columbia e Singularity University. Marcelo Miranda é o CEO da Consolis Tecnyconta na Espanha, filial espanhola do grupo multinacional francês Consolis, líder em pré-fabricados de concreto na Europa. Marcelo foi no Brasil por 8 anos Diretor Presidente da Precon Engenharia. Em 2015, foi eleito Executivo do Ano pela Revista Encontro e faz parte da lista dos 10 CEOs de destaque do Brasil com menos de 40 anos pela Revista Forbes.Marcelo atua também como conselheiro e investidor em start ups e participa do conselho de entidades de classe, como a ABRH a AMCHAM.