O embedded finance viabiliza com que empresas que originalmente não são do mercado financeiro embedem serviços financeiros no seu negócio/produto. Mas por que isso faz sentido? Serviços financeiros funcionam como meio e por isso são extremamente aderentes às jornadas de uso de outros produtos e serviços. Se você for parar para pensar, em quase todas as plataformas que você usa no seu dia a dia existe uma transação envolvida, do pedido de uma corrida no aplicativo da Uber, quando você pede seu almoço no Ifood ou até mesmo quando você usa o sistema de gestão da sua empresa no seu trabalho.
Antes do movimento de fintechização e do advento do Open Finance você só conseguia executar operações financeiras exclusivamente dentro de uma plataforma digital ou meio físico provido por uma instituição bancária ou financeira autorizada. Graças ao Embedded Finance começou a ser possível realizar transações por meio de plataformas diversas que até então não tinham nenhuma relação com serviços financeiros. Isso permitiu com que se construíssem jornadas de usuário envolvendo serviços financeiros sem qualquer fricção, de forma integrada e contextual. Com a adição de serviços financeiros é possível melhorar a experiência do usuário, agregar valor ao portfólio e, consequentemente, gerar linhas de receita adicionais.
O número de aplicações é imensurável, existe muita oportunidade, para diversos segmentos e indústrias, mas existe também um grande desafio. Muitos modelos ainda serão colocados à prova em termos de sustentabilidade financeira e geração de demanda. Um ponto chave quando se fala na entrada no mercado de embedded finance é entender seu usuário, suas dores e oportunidades na sua jornada e oferecer produtos a partir disso, de forma altamente personalizada e contextual. Nesse ponto plataformas com base de usuário relevantes e com um bom entendimento de customer data têm vantagem.
Acredito que no futuro os serviços financeiros serão consumidos de forma contextual, sem fricção e “embedados e embalados” dentro de experiências de plataformas e produtos não financeiros. Porque no final do dia, você não quer consumir um financiamento, você quer um carro, você não quer mais limite no cartão de crédito, você quer poder de compra. Plataformas e produtos não-financeiros detém muito mais dados sobre sua base de clientes além de relacionamento e por isso são excelentes candidatos a se tornarem provedores de serviços financeiros. Nesse sentido, precisamos cada vez mais estar direcionados à entrega de soluções financeiras contextuais. O objetivo é transformar empresas em provedores de serviços financeiros que fazem sentido dentro do seu contexto e que resolvam dores ou atendam necessidade de uma base já existente de clientes.
*Maria Cristina Kopacek é Co-fundadora da Idez, fintech especializada em serviços financeiros para PMEs.