*Por Daniel Kriger
O ano de 2020, sem dúvida nenhuma, foi de desafio para milhões de pessoas, empresas e seus mercados de atuação. Arriscam-se até a dizer que a pandemia da Covid-19 antecipou em cinco anos a transformação digital, justamente pelos investimentos em tecnologia para aprimoramento das operações e entregas. A adoção do home office, das reuniões virtuais, do ensino a distância, dos webinars e do consumo online foram algumas dessas transformações, que cresceram e passaram a ser uma realidade no dia a dia de muitos.
Com essas mudanças significativas, especialmente na área digital, aumenta a demanda por profissionais de tecnologia cada vez mais qualificados. Um estudo da consultoria McKinsey estima que, em 2030, só no Brasil, serão 1 milhão de vagas abertas em tecnologia. É um gap enorme a ser preenchido e oportunidade para novos candidatos, que deverão desenvolver muito bem suas habilidade técnicas [hard skills] e as comportamentais [soft skills] para ganhar destaque nesse mercado.
O levantamento Profissões Emergentes em 2020 no Brasil, feito pelo LinkedIn, também comprova essa dimensão da ascensão do mercado de tecnologia, apontando que, das 15 profissões que se destacam nessa era digital, nove estão diretamente relacionadas à tecnologia da informação. Este é um reflexo da presença massiva das empresas na internet, investindo cada vez mais nos canais virtuais e expandindo o plano de negócios para as plataformas digitais.
Como três principais tendências para o próximo ano ligadas à tecnologia e inovação, vejo a chegada do 5G, que exigirá adaptações por parte das empresas, permitindo a execução de tecnologias de ponta e melhor performance das experiências de tecnologias imersivas, como a realidade virtual e a realidade aumentada; a própria realidade aumentada, muito difundida pelo código QR, direcionando o usuário para uma determinada experiência [animação interativa, jogos, imagens, entre outros]; e a inteligência artificial, já bastante utilizada em diversos processos de segurança, na captação de dados, localização e reconhecimento facial.
Por trás de todos esses recursos está o profissional de tecnologia, imerso no universo dos códigos. Portanto, para 2021, desenvolver-se na carreira ainda será o grande diferencial para quem quiser se manter competitivo, pois o mercado exigirá desses profissionais uma visão analítica dos negócios das companhias, além de disposição para lidar com as rápidas mudanças e dinamismo do mundo corporativo. A busca por tecnologias na melhoria de processos, desempenho e encurtamento de prazos com o mínimo de erros ainda será uma constante no DNA das empresas.
No entanto, de nada vale suprir as necessidades tecnológicas das companhias sem investir no desenvolvimento das habilidades interpessoais. Algumas que acredito serem as mais impactantes são aprender a aprender, como resolver problemas, comunicação e trabalho em equipe, e, por último, perseverança.
- Aprender a aprender - O profissional deve estar em aprimoramento contínuo, pois o mercado de TI muda constantemente, com atualizações de programas, novas linguagens e recursos.
- Resolver problemas - Muitas vezes, quando se está ‘codando’, é necessário quebrar o problema em pequenos problemas, além de usar muito de lógica e saber priorizar o que é mais importante. Essas habilidades ajudam a desenvolver o pensamento estruturado e uma nova perspectiva sobre como solucionar problemas;
- Comunicação e trabalho em equipe - No dia a dia do trabalho, o ‘dev’ [do inglês ‘developer’] não vai estar sozinho, pois geralmente as entregas são feitas com uma grande equipe por trás, por isso o desenvolvimento dessas habilidades é imprescindível;
- Perseverança - Em um projeto, dificuldades vão surgir, centenas de ‘bugs’ e entraves podem aparecer. Vencer isso todos os dias, com certeza, vai ajudar a refinar a capacidade de persistir.
Todas essas práticas serão transferidas para o repertório cerebral e poderão ajudar o profissional de TI até com outras situações do seu cotidiano.
*Daniel Kriger é cofundador e CEO da Kenzie Academy Brasil.